quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sinfonia de uma noite fria

São nas noites frias e escuras que ela sente mais falta. Uma falta que parece mais um vazio que ecoa no peito gritando de necessidade das palavras nunca sussurradas ao pé do ouvido, do olhar cúmplice daquele rosto terno, ainda indefinido. Numa tentativa de acalmar seu coração, ela põe uma música baixinho, abre a janela do seu quarto e busca alguma estrela ou a lua, ou qualquer coisa que lhe dê algum conforto, que lhe faça sentir menos sozinha. Mas nada, nem uma estrelinha. Era como se o céu aquela noite fosse o reflexo de seu interior. Então, na sua imensa solidão, uma lágrima cai, seus olhos se fecham rapidamente com força na tentativa de não sucumbir ao choro. Quando tudo parecia pesado demais para segurar, uma brisa toca delicadamente seu rosto e seu corpo arrepia. A brisa logo se transforma numa ventania sinfônica. Ela abre os olhos e fica surpresa ao ver as folhas se levantarem do chão, bailando como numa doce valsa. Ela sorri, seus cabelos soltos e negros se movem deixando seu rosto mais exposto. Um pingo de chuva cai em sua mão, ela olha para o céu, outro pingo cai e mais outro e muitos outros. E quando ela deu por si, já estava no quintal, molhada, descalça, com as folhas voando ao seu redor. E naquele instante ela se sentiu uma Alice em seu momento maravilha. E ao sorrir disso, ela chorou compulsivamente. Mas dessa vez de alegria, pois o vazio tinha sido ocupado por um sentimento bom, a esperança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário